Os empresários do poder mostram os problemas da falta de ideologia na política |
Em todo governo há um algoz, um estopim para acender uma
crise que muda o curso da história. Geralmente são pessoas que não tem ligação
alguma com partido ou cargos do governo. São pessoas que estão lutando apenas
por seus interesses.
No Brasil já tivemos o Paulo César Farias, o PC Farias. O
tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor (PRTB) não tinha cargo
na filial alagoana em Brasília, mas, nos bastidores do poder ele apitava mais
que alguns ministros de Collor. Chegando a interferir em ajuda financeira da
Petrobrás para a já sucateada VASP.
A ascensão de PC Farias, chamado por Pedro Collor de “testa-de-ferro” no esquema de corrupção do então presidente, nos corredores de mármore frio de
Brasília foi a principal razão para o impeachment de Collor.
No governo Lula, Carlinhos Cachoeira já apareceria em um pedido de propina pelo funcionário da Casa Civil, Waldomiro Diniz. O episódio
até ganharia destaque no NY Times, com o título “Charlie Waterfall”. Mas, até
ali, Carlos era um amador perto de Marcos Valério.
O esquema de “caixa 2” para campanha eleitoral, conhecido
como Valerioduto, foi esquematizado
pelo Marcos Valério. Surgiu em 1998 na campanha de reeleição do governador
mineiro Eduardo Azevedo (PSDB) e recebeu um upgrade na campanha presidencial de
Lula em 2002.
Tudo andava em velocidade de cruzeiro, até o deputado
Roberto Jefferson, acusado de participar em esquema de corrupção nos Correios,
jogar tudo no ventilador e acusar Valério de ser o arquiteto do Caixa 2 da campanha de Lula e
do Mensalão, uma mesada de R$ 30 mil para deputados apoiarem o governo petista.
A denúncia de Jefferson, ante a eleição
presidencial quase destruiu o governo Lula. Derrubou o ministro da Casa Civil,
José Dirceu (PT), o homem forte de Lula; caiu também o tesoureiro do PT,
Delúbio Soares e o presidente do partido, José Genoíno. Parecia cena de
Poderoso Chefão, um a um caindo pelo esquema de Valério.
Agora é a vez de Cachoeira ressurgir. Mas, não em esquemas
da Casa Civil com assessores subalternos, dessa vez está nos holofotes em um
esquema de exploração de caça-níqueis; com fortes indícios de ligações com o Sen.
Demóstenes Torres (DEM), principal voz da oposição brasileira. Assim como
Farias e Valério, as ações de Cachoeira podem alterar as articulações no
Brasil, em especial o Democratas.
O partido, forte nos oito anos do governo FHC, está moribundo
desde o término das eleições em 2010 e teve uma piora com a criação do PSD de Kassab.
Agora, o DEM vê um de seus principais alicerces na política nacional,
contaminado por denúncias de corrupção. Isso pode culminar no fim da legenda que dependerá das
eleições regionais em outubro para continuar respirando. Do contrário haverá
uma nova debanda para o PSD e outras legendas.
Enquanto alguns debatem como eliminar a corrupção - algo que nunca vai sumir - o que deveria ser debatido é a reforma política. Nela diminuiria a corrupção e a quantidade de partidos e postulantes aos cargos eletivos sem ideologia própria.
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