O tempo fechou mais uma vez na Orquestra Sinfônica Brasileira da Cidade do Rio de Janeiro (OSB). Pela terceira vez desde que assumiu a orquestra, Roberto Minczuk e os músicos entram em embate. Dessa vez a razão é a carta convocando para avaliação de desempenho os músicos da orquestra que seria feito no retorno das férias coletivas, que começou no último dia 06 de janeiro.
O fato começou a ser espalhado através de um e-mail e post no Facebook, enviado para músicos e acadêmico, pelo engenheiro e professor de acústica, Leonardo Fuks, denunciando os testes como uma forma de demitir os músicos mais velhos da orquestra.
Fuks - que também foi oboísta profissional na Orquestra do Teatro Municipal do RJ - escreveu em seu e-mail “este novo conjunto de procedimentos de testes e iminentes demissões, inédito no Rio de Janeiro e na OSB, em seus 70 anos de história, parecem replicar exatamente aqueles implementados pela OSESP, no período iniciado em 1987 pela administração e direção de John Neschling (...)”
O e-mail tomou grandes proporções, o maestro John Neschling, rechaçou o e-mail do engenheiro no seu blog, Semibreves. Segundo Neschling “O e-mail que circula, fala de ‘testes e iminentes demissões’, o que não está explícito em nenhum parágrafo da circular enviada aos instrumentistas pela Direção da OSB. A inferência, sem bem que não desprovida de lógica, é de responsabilidade do autor do e-mail”.
Em entrevista a rádio CBN, Déborah Scheynne, violista e presidente do sindicato dos músicos do RJ, alega ser uma “caça às bruxas” do maestro Minczuk contra aqueles que discordam das medidas do maestro, acusado de ser rígido e pouco flexível com os músicos.
“As pessoas mais antigas que já estão aí há 30 anos – até quase 40 anos – tem sido algo. Mas há uma dificuldade de logística e financeira para demitir essas pessoas. Então vira um entrave, uma dificuldade para a direção artística se livrar dessas pessoas e às vezes, colocando um concurso dessa forma num grau de dificuldade, sem tempo pra se preparar no meio das férias... Nós faz pensar exatamente isso, é uma caça às bruxas”.
Por outras duas vezes a orquestra entrou em embate com o maestro. No ano de 2007, Minczuk demitiu 14 músicos através de telegrama e em 2008, os músicos se reuniram, às vésperas do concerto da orquestra em São Paulo e pediram a demissão do maestro. Os membros da orquestra alegaram que não tocariam mais com o maestro, por ele atuar dar mais preferência a sua carreira internacional do que as apresentações com o conjunto carioca. Deborah Scheynne afirma que alguns músicos a procuraram dizendo que boicotariam o teste “Eles me procuraram e todos se recusam a fazer a avaliação.”
Desde sua contratação como diretor artístico em agosto de 2005, Roberto Minczuk tenta dar um padrão internacional a OSB, similar ao trabalho feito por Neschling na OSESP e Fábio Mechetti na Filarmônica de Minas Gerais. Contudo os contrastes entre a administração imposta pelo maestro, com ensaios regulares e exclusividade dos músicos – que tocavam em outras orquestras da cidade e faziam cachê em pequenas apresentações – prometendo aumento de salário ao conjunto, não empolgou parte do conjunto. Mesmo com patrocinadores relevantes, como a Vale.
Roberto Minczuk e a direção da orquestra ainda não deram declaração oficial sobre o teste avaliativo.
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