Críticas de Klein receberam apoio e protestos entre os músicos, em especial de John Neschling |
Após a carta aberta escrita por Alex Klein ao maestro e diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Minczuk, cair na internet; foi instaurada de vez uma crise entre músicos e maestros com o apoio do único brasileiro a ganhar o Grammy.
Na carta, Klein, oboísta de fama internacional e diretor do FEMUSC, faz críticas ao processo avaliativo dos músicos da OSB impostos por Minczuk, compara ao processo feito na OSESP em 1997 e a administração de grandes corporações.
Além da carta aberta, Klein também partiu para o ataque contra a OSB no Facebook. Dentro da nota publicada pelo usuário Marcelo da Silva “Apoio aos nossos colegas da OSB, Precisamos de vcês Músicos do Brasil”, o ex-maestro do Teatro Municipal de SP escreve:
- E não se trata de colocar nosso emprego na linha (como se faz nos EUA, Canadá e Europa, que NUNCA aceitariam uma audição interna em massa em outra orquestra...), mas algo simples, como mudar a foto do perfil do FB para uma tarja negra – afirma Klein.
Em seguida uma série de usuários apoiaram a iniciativa de Alex Klein e substituíram sua foto por uma imagem preta, uma iniciativa contra o atual momento da OSB, assim como o próprio Klein.
Neschling x Klein
Se os músicos apoiaram a iniciativa de Klein, os maestros não. John Neschling, ex diretor artístico da OSESP e da Cia. Brasileira de Ópera, que também é crítico aberto ao processo avaliativo da OSB – porém, manteve uma postura moderada – respondeu a carta com um post em seu blog.
Intitulado de “A deselegância de Alex Klein”, Neschling ataca os pontos da carta do premiado oboísta; como a comparação com a Filarmônica de Berlim, com a Embraer e a comparação entre Minczuk com Neschling, para gerar “respeito e disciplina” com a orquestra.
“Comparar as atuais audições da OSB com as que realizei durante a minha gestão frente à OSESP é fora de propósito” postou Neschling. “As audições foram feitas com outros critérios, outros objetivos e e sobretudo, após longas negociações com a comissão da orquestra e a anuência da grande maioria dos músicos.”
Vale lembrar, que o processo realizado por Neschling na OSESP em 1997, avaliou os músicos e aqueles que não passaram nos teste foram contratados por uma orquestra estatal, a Orquestra da Rádio e TV Cultura, que em 2005 foi desativada pelo Governo do Estado de SP.
Outra carta
Antes do término da reportagem, Alex Klein adicionou outra carta aberta em seu perfil no Facebook. Dessa vez, a carta pelo professor de música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eduardo Monteiro. No manifesto, Monteiro denúncia os problemas na OSB Jovem, a orquestra jovem da OSB formada por estudantes de música.
Segundo o docente, a OSB Jovem será utilizada para encobrir os “buracos” das apresentações da OSB na atual temporada 2011 da orquestra, sem prévio aviso ao público e aos assinantes da orquestra.
Início da crise
A crise começou logo após o começo das férias da orquestra. Os músicos receberam um telegrama convocando-os para o processo avaliativo e para o Processo de Demissão Voluntária, em seguida os músicos foram à imprensa e se negaram a participar dos testes que começam após o carnaval.
Os músicos ainda se reunirão com o advogado da Fundação OSB, Ricardo Callado, para reafirmar a decisão do dia 23/02 de não participar das audições. E ainda contestaram clausulas nos dois documentos que receberam da fundação, como demonstra em entrevista ao Estadão, Luzer Machtyngier, presidente da associação dos músicos da orquestra.
Uma das cláusulas considera “absurda” por Machtyngier, afirma que não considera a participação do PDV de músicos “indispensáveis”, com qualidade sem contestação. "Está confirmado que se trata de uma prova para demitir. A gente não quer derrubar ninguém, só quer forçar uma conversa" disse Machtyngier ao Estadão.
Em resposta, o presidente da OSB, Eleazar de Carvalho Filho, enviou nota à imprensa onde diz: “(...) As avaliações de desempenho agendadas para março servirão como mais um meio para que a Fundação OSB apure o rendimento artístico e profissional de cada músico individualmente. Isso acontecerá aliado ao processo avaliativo contínuo que vem sendo feito sistematicamente na nossa rotina de ensaios e espetáculos. Ela destina-se a todo corpo orquestral, estipula iguais condições e critérios para todos os músicos e se assemlha a processos de qualificação praticados por orquestras de padrão internacional. (...)”
Roberto Minczuk que atualmente está no Canadá, onde dirige a Filarmônica de Calgary, não se manifestou e deve voltar apenas na semana dos testes. Com os testes e mudanças, a orquestra começará sua temporada apenas em junho, o começo da temporada ainda será preenchido pela OSB Jovem.
Essa não foi a primeira briga de Minczuk e os músicos da OSB, em 2007 Minczuk demitiu sem prévio aviso 14 músicos da orquestra através de telegrama, também no período de férias; e em 2008 os músicos se recusaram a tocar com o maestro às vésperas de um concerto em São Paulo, pelo maestro atuar mais fora do país que dentro da orquestra.
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