Especial Virada Cultural: Geração Bits entrevista Sepultura

Veja as novidades da banda e a set-list do show antes de subirem ao palco

Às vésperas de fazer sua primeira apresentação ao vivo com orquestra e entrar em nova turnê na América do Norte e Europa, o Sepultura abriu as portas do seu camarim na Galeria Olido na última quarta-feira (14/04) minutos antes de seu ensaio com a Orquestra Experimental de Repertório e o Maestro Jamil Maluf.

Em uma conversa aberta e bem divertida, Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura falou sobre o desafio de tocar com orquestra, o novo CD - Kairos - , os shows com Ozzy Osbourne e sobre a apresentação da banda no Rock in Rio.

Novamente, Guilherme Giuntini e nosso convidado, Julio Nogueira, conduziram as perguntas ao música.


Geração Bits - É a primeira vez que o Sepultura toca com orquestra?
Andreas KisserÉ a primeira vez que a gente toca ao vivo, no palco e com arranjos do Sepultura. A gente já trabalhou com violoncelo, algumas trompas... Isso em estúdio. Gravava banda, contratava orquestra e montava. Usamos dez... doze músicos para gravar no estúdio.


GB - Como está sendo a experiência de tocar com orquestra?
AKPra mim é um sonho, sempre gostei de música clássica. Meus avós tinham muitos discos da Deustche Grammophon (gravadora especializada em música clássica), sempre escutei isso desde pequeno e eu estudei violão erudito também, na medida do possível.


GB - Desde quando você estudo violão clássico?
AK - Comecei a estudar na década de 90 quando estava nos Estados Unidos. Tive aula e ainda estudo muito violão. 


GB - É um desafio que o Sepultura encarou de frente...
AK - Fazer parte desse projeto é do caralho, é um puta desafio. Tem um lance de treino, mas ainda é estranho. Todos os grandes compositores da sua época sofreram muito, como Villa Lobos, Stravinsky, Beethoven, com essa característica de rebeldia, dizendo "eu faço da música o que quiser".


GB - Como está a relação do Sepultura com os músicos da orquestra?
AK - É excelente. Tem muita gente ai (na orquestra) fã de Heavy Metal. Muita gente curte Sepultura, Metallica, essas coisas. Também é uma coisa nova que a gente vai fazer. Apesar da extrema do Sepultura ser um pouco diferente. Quando o Metallica gravou (com orquestra) era uma coisa séria. Mesmo assim o Rock e a Música Clássica, com Deep Purple, Yes, Malmsteen, tem uma relação estreita. Eu sempre gostei pra caramba dessas coisas.


GB - Tem possibilidade de gravar um DVD ou CD com orquestra?
AK - Sim. Essa é a nossa primeira experiência com orquestra, a gente tem sete ou oito arranjos. Temos que fazer uma coisa mais densa e talvez até fazer num estúdio e não ao vivo, no palco da "coisa doidera". No estúdio gravado é uma coisa, mas mesmo com orquestra ao vivo seria interessante. Porque está combinando muito bem, todos os arranjos. A gente foi muito feliz, tivemos um bom feedback da orquestra, dos músicos e do maestro Jamil (Maluf).


GB - E o repertório da virada, como está preparado?
AKNa virada a gente tem um set que vai abrir com Wagner (Abertura da ópera "Os mestres cantores de Nurembergue"), que é ideia do maestro. Ele disse que vai colocar uma coisa bem pesada pra combinar (risos). Aí vem Valtio, que é uma instrumental nossa e vai ser apresentada pela primeira vez com orquestra. Depois vem "Inquisition Symphony", "Refuse/Resist", "City of Dis" do Dante XXI, "The ways of Faith" do Sepulnation, uma música que nós nunca tocamos ao vivo. E terminamos com Kayowas, Ludwig Van e Roots (Bloody Roots).


GB - Tem alguma música que vocês queriam incluir no repertório?
AKVárias. Queria colocar mais, mas pelo próprio tempo. Estamos viajando muito, viemos do México. Não conseguimos ensaiar direito ontem (11/04) no primeiro ensaio, passou direito as partes e achamos legal o arranjo e tal. Mas estamos prontos, a orquestra está com tesão de tocar, e isso é muito importante.


GB - E relação da banda com o Maestro Jamil Maluf - regente titular da Orquestra Experimental de Repertório - como está sendo?
AK - Foi muito encaixado. A primeira reunião que eu tive com ele foi aqui (escritório da Galeria Olido)  e ele estava com medo. "Sepultura com orquestra?", realmente as pessoas não encaixam de primeira. Mas pelas próprias influências do Sepultura e e eu tenho um pouco, tem um pouco disso nas nossas músicas como mostrei em "Ludwig Van", mostrei a "Valtio" que é uma música que "Compus" no violão e foi feito pelo Apocalyptica, da Finlândia (quarteto de violoncelos), e está sendo apresentado com a orquestra. E nós fomos mostrando os arranjos. "A gente quer ousar um pouco, tirar a batera do lugar, de repente deixar só voz e orquestra, não ficar muito preso". Até essa experiência foi boa pra vermos os nossos arranjos. Pra ver onde podemos respirar e deixar a orquestra fazer... Porque é uma conversa, não é um som jogado de qualquer forma.


Dirigida por Jamil Maluf, a Orquestra Experimental de Repertório é reconhecida por sua qualidade e por tocar um repertório bem eclético, variando do clássico ao rock e MPB


GB - Vocês tocaram recentemente com o Ozzy Osbourne e tem muito boato sobre essa ser última turnê dele. Pelo que você viu nesses show, ele realmente vai parar?
AK - Não para. Você vê aquela energia, um estádio lotado...Vai parar como? Vai, vai, vai (risos). Eu acho que profissionalmente podia parar, ele é milionário, está cheio de problemas, mas cara, a melhor coisa do mundo pro músico é estar no palco, é estar no estúdio pra gravar suas coisas. Música é no palco, ali você vive o momento.


GB - E saindo daqui, vocês começam a turnês nos EUA do novo CD?
AK - A gente toca no sábado com a orquestra e domingo toca no Canadá. Nós chegamos lá no dia do show.


GB - E quais são as expectativas do próximo CD e do shows?
AK - Vamos ver, estamos confiantes. As músicas estão do caralho e estamos terminando de mixar. A banda  está com uma nova gravadora, a Nuclear Blast que tem uma estrutura muito boa, não só no Brasil, mas na Europa e Estados Unidos. A expectativa é muito boa, vamos tocar no WARP em julho, o maior festival de metal do mundo, tem o Rock in Rio e muito show pela frente.


GB - E o Rock in Rio, é o terceiro show da banda no festival. O que podemos esperar?
AKA gente tá fazendo um show diferente. Vai vir um convidado, uma banda percussão francesa. São uns 20 caras que tocam uns instrumentos mexicano uns "treco" eletrônico. E é fantástico! Nós vamos fazer esse show juntos.


GB - Ano passado o Heavy Metal fez 25 anos no Brasil, vocês até participaram do show organizado pela KISS FM. Como você vê o atual cenário? As bandas,? As mudanças?
AK - O Heavy Metal é um estilo totalmente mutante. Ele sobrevive porque ele se mistura a várias coisas sem perder sua característica. Você vê o próprio Metallica, usando muita coisa da música country; nós (Sepultura), usando música brasileira; e o próprio Iron Maiden, com o Punk, aquela coisa bem britânica.



GB - Pra terminar a entrevista, voltamos a falar do apresentação com a orquestra. O que os fãs do Sepultura podem esperar desse show?
AK - Do Sepultura sempre pode esperar o inesperado (risos). Os fãs vão curtir, porque é difícil ver uma banda extrema fazendo isso.

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